sexta-feira, 15 de abril de 2011

Negrume da Mente

Em insanos mares negros me envolto
E contorno todas as luzes,
Escondendo-me na sombra e tumulto
E inútil transpareço, sem luzes.

Depravado destino de passividade,
Ópio da minha vontade,
Medo de avançar e agarrar
Tudo o que é meu por direito,
Mas deixo tudo afastar.

Piedade nao sinto, por mim próprio.
Sou o culpado desta pestilenta armadura monótona
Sem qualquer uso prestável e sóbrio,
Apenas deixo tudo partir à roda.

Meu maior medo, neste momento,
É que a minha monotonia te afaste
E que partas bem cedo.
Medo possuo que a cada dia que passar
Penses de mim o mesmo.
Inutilidade é o que me marca
Sem nada em mim te marcar.

Meus dias tornar-se-ão negros,
Sem sentido e sem claridade,
Com apenas os nossos momentos
A iluminarem a minha passagem de idade,
Mesmo que a cada momento
O negrume invada, implacavelmente,
A cansada e inútil mente.


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Hipnóse

No momento em que aparece a sua imagem
Fecho os meus olhos e atravesso o rio
Para a sua margem.
Não quero estar longe, nem um fio
Estou pronto para a viagem.

Não saberei o que fazer, quando acabar,
Quando chegar à foz e partir pró alto-mar
Nada acontecerá,
Nem o nosso "tudo",
O meu coração irá pesar como luto.

É uma hipnóse profunda,
Um transe intenso.
Não sei o que pensar,
Contudo, já não penso,
Quando tal retrato de perfeição contemplo.